domingo, 4 de julho de 2010


Cara Helena,


    Sei que é bobagem da minha parte continuar lhe escrevendo cartas, 
já que você se foi e jamais irá poder ler o que aqui escrevo. Até gostaria de 
lhe mandar as cartas, mas não sei para onde mandar e essas cartas só tem o objetivo 
de fechar uma ferida que constantemente se abre mostrando a dor de te perder. Éramos 
tão jovens quando você se foi, estávamos parecendo dois bobos naquele noite onde o 
acidente ocorreu. Me lembro com tanta clareza, dos fatos e a foto de nós dois sorrindo 
arrumados para a formatura que está em minha cômoda não sai de lá. Afinal de contas 
foi a última foto sua, antes de todo aquele pesadelo ocorrer. Me lembro das luzes 
coloridas do baile, de seu vestido azul que fazia com que seus olhos ficassem mais 
lindos do que já eram, lembro dos meus dedos em seus cabelos negros enquanto nós 
dançávamos a valsa e todo o resto que uma formatura deve ter. E depois disso me 
lembro das risadas dentro do carro, do seu sorriso enquanto conversava e então as luzes, 
as luzes daquele carro dirigido por James que havia bebido demais naquela noite e me 
lembro do choque de te ver com um corte sobre a testa quando o vidro estourou no segundo 
em que nossos carros se colidiram e depois a escuridão.
    Eu acabei desmaiando e você, bom você não resistiu aos ferimentos que era muito mais 
do que aquele corte na testa. Lembro de ver seu rosto sem vida deitado na calçada, 
enquanto o resgate tentava te reanimar sem sucesso, lembro das lágrimas que escorriam de 
meus olhos e no dia seguinte, me lembro de seu enterro no qual eu senti como se tivesse 
perdido uma parte de mim, uma parte que estava sendo enterrada perante meus olhos sem que 
eu pudesse mudar aquilo. Depois disso, nada mais foi igual. Minha vida passou a ser 
monótona sem seu riso encantador e sem seu rosto angelical, sua família se mudou da cidade 
porque não conseguia mais viver aqui. Se mudaram para a cidade depois da plataforma. 

Eu ainda me sinto preso a você, as outras garotas não são como você. E prefiro trocar elas,
por uma visita ao seu túmulo no cemitério da cidade. Sempre lhe levo as suas tão amadas 
rosas brancas e fico lá em silêncio esperando poder lhe ouvir. Não consigo ouvir nada 
além dos galhos da árvore se movendo de acordo com o vento. Eu sinto tanto a sua falta...
E eu ainda te amo demais.

Com amor,
Will.



















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